Com o quarto ciclo da evolução industrial vem a digitalização dos processos acompanhada por níveis mais sofisticados de automação colaborativa. Contudo há uma discrepância muito grande na aplicação dessas tecnologias quando analisamos as empresas do setor automobilístico, setor este marcado por diferentes realidades.
Assim como não dá para comparar a velocidade de implementação da indústria 4.0 entre Brasil e Alemanha, é notório que no segmento automobilístico brasileiro há supremacia das montadoras e sistemistas, em sua maioria multinacionais, nos investimentos dessas novas tecnologias.
Embora toda a cadeia de suprimentos tenha que entregar a performance operacional exigida pelos clientes, somente a cobrança do desempenho não será o suficiente para manter esta cadeia robusta e resiliente. É preciso fomentar a inclusão das pequenas e médias empresas às novas tecnologias e fundamentos da indústria 4.0.
Da mesma forma que a certificação da ISO 9000 estabeleceu padrões para um sistema de gestão da qualidade, vejo de extrema importância que a indústria tenha um olhar também para padrões de gestão dos meios e recursos de produção, voltados para eficácia operacional e integração na execução dos sistemas de manufatura (MES). Neste contexto a digitalização oferece importante contribuição, contudo deve ser considerada como meio e não como finalidade. Em nossas consultorias ressaltamos que a finalidade de um sistema de manufatura dever ser sempre a Excelência Operacional com vistas a Melhoria Contínua.
A questão que se coloca é como incluir as pequenas e médias indústrias nacionais em uma realidade de automação com digitalização.
A escassez de recursos financeiros nos leva a focar em iniciativas que possam criar eficácia operacional, gerando resultados de produtividade mais rápidos e sustentáveis. Portanto é preciso ser cirúrgico em identificar qual ferramenta digital pode impactar sua performance operacional como um primeiro passo.
Sem medo de errar posso afirmar que uma digitalização da metodologia do OEE, sigla em inglês que significa Eficácia Global dos Equipamentos, é um excelente começo nesta longa jornada rumo a Excelência Operacional e a Industria 4.0.
A velha máxima que só melhoramos aquilo que avaliamos e só executamos aquilo que monitoramos retrata muito bem a dinâmica das gestões dos meios e recursos de produção e a digitalização torna as avalições e monitoramentos mais assertivos em tempo real, melhorando a acuracidades das informações (voz do processo) e os desdobramentos das melhorias contínuas dentro da organização.
Com a metodologia do OEE é possível detectar as 3 maiores ineficiências da produção, ou seja, disponibilidade, performance e qualidade, e o mais importante é que todas ações no combate as ineficiências geram resultados tangíveis. Sabe-se que cada ponto percentual de redução no OEE gera um resultado direto na lucratividade de 3 a 7%.
Portanto estudos de “payback” revelam um retorno muito rápido na digitalização do OEE, pois o combate as principais ineficiências não requerem grandes investimentos e são normalmente implementados em prazos menores.
Finalizando, temos que parar de encarar a digitalização como uma ferramenta inacessível e futurística. Ela tem que ir para a prática.
Marcos E. Nava
Texto escrito por nossos parceiros da BNB Dynamic Insights.